Quero o sossego da desistência
De não esperar nada
De me largar num canto
E estar à parte
Desistir de melhorar o mundo
De pintar o cabelo
De pinçar os pelos
De ouvir música
De ouvir
Desistir de falar
De falhar
E de dar bom dia com sorriso bobo
É um sossego quase morte
Quase, porque morrer é trabalho
Trabalho de parto ao contrário
Mais doído
De voltar para o outro lado de lá do nada
Melhor é desistir
Empalidecer a cara
Esfriar o sangue
Ir esquecendo aos poucos as letras
E os sons das palavras
Estancar o ponto
Como cartada na manga
Pra quando o último sôfrego
Te tocar os ossos
Pintar de vermelho
O sorriso final.
.
sexta-feira, agosto 30, 2013
quarta-feira, agosto 14, 2013
O dia em que eu teria me matado
Dia sem noite
Um dia aceso com luzes duras
Farol alto de pensamentos
Cega na pista oposta
Torpor de vermelho sangue
As letras se vão por entre os olhos cegos
E um coração cinza
Espera o dia estando no dia
Fora da ilusão de pensar que se acaba e se começa
O corpo é bobo e balança
E nada é tão feio
E nem tão belo
A rua rabiscada é caminho
O céu de doer, que pena, sempre azul e longe
Palavras se lançam sobre um equilíbrio tênue
Pra que tantas?
Bastava o sopro do primeiro som
A rasgar de novo as emendas frágeis de papéis velhos e podres
A dor vem de todos os sentidos
Atravessa uma alma desejosa de orfandade
Existência poluída com gentes, fluidos e esgotos.
Os sorrisos banais dos felizes tolos
Consomem como ácido os poros dos ossos últimos.
Belo dia de pergunta amanhecida há tanto
Pra quê?
Tudo branco ao lado
Senta no fosso e chora
Seria a última dignidade possível
Mas há um metal
Ainda mais frio
Encorajando o ato
Ultimato.
Dia em que eu teria, se já não tivesse.
Dia que seria o último
Se já não o fosse
Há tanto tempo
Desde o primeiro.
Um dia aceso com luzes duras
Farol alto de pensamentos
Cega na pista oposta
Torpor de vermelho sangue
As letras se vão por entre os olhos cegos
E um coração cinza
Espera o dia estando no dia
Fora da ilusão de pensar que se acaba e se começa
O corpo é bobo e balança
E nada é tão feio
E nem tão belo
A rua rabiscada é caminho
O céu de doer, que pena, sempre azul e longe
Palavras se lançam sobre um equilíbrio tênue
Pra que tantas?
Bastava o sopro do primeiro som
A rasgar de novo as emendas frágeis de papéis velhos e podres
A dor vem de todos os sentidos
Atravessa uma alma desejosa de orfandade
Existência poluída com gentes, fluidos e esgotos.
Os sorrisos banais dos felizes tolos
Consomem como ácido os poros dos ossos últimos.
Belo dia de pergunta amanhecida há tanto
Pra quê?
Tudo branco ao lado
Senta no fosso e chora
Seria a última dignidade possível
Mas há um metal
Ainda mais frio
Encorajando o ato
Ultimato.
Dia em que eu teria, se já não tivesse.
Dia que seria o último
Se já não o fosse
Há tanto tempo
Desde o primeiro.
Tenho andado gelada.
Os sentires endureceram dentro
e fora de mim.
Tenho temido minha obviedade
Lastimado minha literalidade.
Quadrados jorram aos cubos.
Geometria trincada, obtusa minha hipotenusa.
Gelo.
Geometria.
Gelada.
Tempo de acabar antes,
De não terminar sempre.
Conservar a morte viva,
pra não esquecer que se morre.
É que o gelo conserva a vida na morte.
Eu que sempre gostei do frio,
acabei virando neve.
...essa presença fugaz.
Cada vez
Cada vez mais triste por perder o laço
O abraço
O passo.
De saber que é só o só
Que a volta é pó
E durante é nó.
Os enlaces vazios
Desdão existires
E a vida é cã,
Que não ladra
E não morde.
Corrói ossos esburacados
Fósseis sem valor
daquele agora
no aqui-depois.
Cada vez mais,
o Ó.
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