Eu não esperava essa sombra da noite.
Eu te dava por vencida, guarnecida.
Saia que tu me embaralha os ossos!
Quando te escrevo, te circunscrevo.
E tu ficas...
Ficas como se nunca tivesses ido.
Porque sou eu.
Venha minha desarmonia,
Venha que te darei meu colo de certezas mármores.
Venha que te deixo viver comigo.
Entranhas-te em mim, que eu não desdenharei de ti.
Mostra-me teu rosto cálido,
tuas mãos sangrando,
teu espírito sôfrego.
Venha que te fluidifico na minha respiração pesada
e te concebo do meu gozo mais longo.
Cala-te em mim o teu grito.
Dá-me tua face esburacada de talho.
Venha porque lhe darei poesias
e farei uma de ti.
Transcenda-te em mim, que eu não mais rirei do teu desespero de existir.
Grite teus verbos fracos, desconjugados.
Suga a minha alma infinita e a traga para o fim.
Exista em mim, que eu te parirei como um filho torto,
que me lembra de viver.
Usa a minha beleza soberana, para pintar teu rosto.
Deita em mim teu manto furado e fino,
para abrandar um frio de pólo.
Venha e faça de mim, inteiramente o que sou.
Sem ti, sou morta.
Sou despejo de concretude parda.
Sem lado e sem verso,
nem avesso.
Só um risco.
Povoa-me.
segunda-feira, maio 10, 2010
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